sexta-feira, 21 de setembro de 2012


Coordenador Pedagógico ou Coordenador de RH ! - certamente a ministração desta palestra será muito elogiada na sua empresa ou escola.

Veja a última avaliação de 300 colaboradores da UBV -União Brasileira de Vidros :



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Pequeno investimento - Grande repercussão !

EMPRESAS - Neste momento uma parte dos seus colaboradores esta fazendo uso abusivo de álcool durante os fins de semana. Algumas destas pessoas poderão ter maiores problemas a médio e longo prazos. E estes problemas podem também se tornar problemas para a empresa. Palestras que ficam apresentando os diferentes tipos de drogas de forma técnica e cansativa já estão ultrapassadas. Precisamos prevenir seus colaboradores de futuros problemas conversando sobre aquilo que faz parte da realidade de vida deles. A minha conversa com os seus colaboradores é sobre os hábitos do fim de semana quando muitas vezes o álcool esta presente. Conversaremos sobre a cervejinha nas festas e aniversários, sobre futebol e happy hour. Seus colaboradores ficarão perplexos com detalhes da trajetória da minha vida e entenderão de que forma hábitos inocentes podem virar uma bola de neve até podendo se tornar um fundo de poço.Todos poderão conhecer uma série de armadilhas embutidas no convívio social que temos com a família e amigos e de que forma isto pode ter consequências ao longo da semana e no ambiente de trabalho.Sem gráficos! Sem números e pesquisas ! Vamos na base do diálogo e deixando que seu grupo expresse aquilo que pensa.

ESCOLAS - Cada caso de envolvimento de alunos com drogas que a escola toma conhecimento, representa outros casos que ainda não foram confirmados.  Muitos jovens se envolvem de bobeira e uma palestra bem direcionada pode torná-los mais cuidadosos.  Não apresento gráficos, pesquisas e números. Não tento amedrontar os jovens porque este tipo de conversa não cola mais. Vamos conversar sobre o primeiro gole e o primeiro cigarrinho utilizando uma linguagem de quem fala de dentro do grupo. Eu cresci em família de  classe média cercado de cuidados. Quem me ofereceu o primeiro "baseado" foi meu melhor amigo. As primeiras vezes que eu bebi foi com minha turma. Os jovens estão cansados de ver os próprios pais se embebedarem com amigos no fim de semana e irem trabalhar na segunda-feira.Não dá mais para dizer que as drogas fazem mal, que viciam e pronto.Os adolescentes são bombardeados pelas propagandas de cerveja e pela sensualidade dos bailes funk e raves. Para completar, os jovens que já experimentaram cigarro, cerveja e maconha fazem uma tremenda propaganda de suas experiências tentando trazer seus melhores amigos para junto desta aventura arriscada. Precisamos deixá-los falar o que pensam e com estratégia vamos desconstruindo mitos que eles criam.

PAIS - Aqueles que tem filhos adolescentes se sentem inseguros e preocupados com relação ao problema das drogas. É possível protegermos nossos filhos de uma forma que eles sejam efetivamente treinados a se posicionar com relação ao grupo e aprender a dizer não. Forme um grupo de pais no condomínio em que você mora e chame os pais dos amigos dos seus filhos. Através de uma reunião mensal podemos aprender a nos posicionar, a abordar o problema e a conquistarmos uma tranquilidade de que fizemos a nossa parte.Também mensalmente eu irei me encontrar com os filhos adolescentes e abriremos um espaço de livre discussão sobre o tema. Todos serão encorajados a contarem suas experiências e situações que viveram ao longo do mês. Com estratégia seus filhos perceberão que passar pela adolescência sem cigarro, sem cerveja e sem maconha é um bom  negócio. E assim conseguimos formar um grupo de jovens responsáveis que não vai na onda dos outros.



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Proposta de prevenção das drogas e do álcool para Condomínios.

Com pouco investimento, muito pode ser feito para orientar os pais e proteger os adolescentes.

Os jovens se sentem estimulados a experimentarem as drogas dentro dos condomínios porque não estão nas 
ruas e sabem que será mais difícil serem pegos.

O programa inclui 3 reuniões :

REUNIÃO Nº 1 – Com pais e jovens com mais de 12 anos.

Nesta primeira reunião eu vou dar meu depoimento de vida. Uma história intrigante que causa uma reflexão 
geral sobre comportamentos e valores. As pessoas ficam de certa forma chocadas e não conseguem
esquecer o que foi dito com facilidade.

Nesta primeira reunião todos serão conscientizados da importância de participarem das demais reuniões. Os
pais conhecerão meu trabalho e se sentirão mais confiantes em deixarem seus filhos comigo sem a sua 
presença.

REUNIÃO Nº 2 – Somente com os pais

Nesta reunião será oferecido um treinamento para que os pais saibam como falar sobre o assunto, 
aprendam a avaliar se seus filhos estão tendo comportamentos de risco e entendam como agir em caso de 
suspeita sem piorarem o problema.

Não se trata somente de uma palestra. Todos poderão falar e a experiência, dúvidas e questionamentos de 
uns servirão para a conscientização geral do grupo.

REUNIÃO Nº3 – Somente com jovens entre 12 e 18 anos.

Esta reunião não é opcional para os jovens. Os pais devem fazê-los entender, cada um da sua forma, que 
eles devem participar da mesma forma que eles têm o dever de ir para a escola.

Nenhum familiar poderá estar presente nesta reunião, somente os jovens.

Os jovens gostam muito desta reunião porque percebem que podem contar tudo o que veem, o que 
pensam, e podem perguntar o que quiserem.

É justamente esta liberdade que nós damos a eles que faz com que se conscientizem e passem a ter uma 
atitude diferente.

Na reunião não falo sobre os tipos de drogas. Conversamos sobre o grupo, sobre as baladas, discutimos o 
que é lazer saudável e o que a mídia, a cultura e a sociedade escondem de nós sobre o álcool e sobre a 
maconha. 

QUEM PODE CRITICAR O GOVERNO SOBRE O PROBLEMA DAS DROGAS?



Criticar o governo é fácil, mas a iniciativa privada trata do problema com desleixo, irresponsabilidade e ganância!
Está difícil encontrar uma instituição de ensino disposta a oferecer um programa de prevenção aos seus alunos. Da mesma forma, que é complicado encontrar centros de tratamento que priorizem a recuperação dos dependentes químicos ao invés de ganhar mais dinheiro.
Infelizmente, as escolas contratam minhas palestras sobre drogas uma vez ao ano, somente para poder dizer aos pais que já cuidaram do problema. Estou tentando mostrar aos diretores de escolas que palestras esporádicas não são suficientes para proteger os jovens. Mas não tem jeito! Aceitar e reconhecer que muitos de seus alunos podem estar envolvidos não é bom para a imagem da escola. Recentemente, ao terminar mais uma palestra, uma série de alunos adolescentes me procuraram espontaneamente para contar seu envolvimento com cigarro, álcool e maconha. A direção da escola tomou conhecimento deste fato. Sugeri coordenarmos um encontro com os pais dos alunos e abrirmos um espaço para os próprios alunos falarem abertamente. A direção explicou não ter interesse, pois, “levantar esta poeira não seria bom para uma instituição de ponta”. E TODAS as escolas são assim! Quando surge um caso de envolvimento de seus alunos fora da escola, eles ignoram o fato. E se o envolvimento ocorrer dentro da escola, procuram rapidamente resolver o inconveniente de forma que o problema não se espalhe e não preocupe outros pais.
As faculdades particulares não têm nenhum interesse em acabar com o consumo de álcool que centenas de seus alunos fazem nas dezenas de bares que ficam ao redor, apesar dos mesmos entrarem alcoolizados para dentro da instituição. Isto significaria perder clientes, pois muitos alunos não aceitariam, e talvez não conseguiriam obter o diploma se realmente tivessem que estudar e frequentar todas as aulas.
Tenho feito muitos contatos com profissionais e proprietários de comunidades terapêuticas e centros de recuperação. O que encontro cada vez mais são empresas comerciais explorando famílias desesperadas, oferecendo soluções mirabolantes através de seus sites com fotos da piscina e com facilidades de pagamentos em prestações parceladas no cartão de crédito. Muitas famílias estão vendendo o carro ou penhorando a casa acreditando na promessa de recuperação para seus filhos. Quando ofereço uma proposta de parceria que envolve uma série de cuidados para os pacientes internados e para suas famílias, eles me oferecem a oportunidade de captar internações para ganhar comissão. Lembro-me dos tempos em que passei por 25 internações e as clínicas tratavam minha mãe como um cliente que sempre voltava. Todas as vezes que eu recaía, nunca era responsabilidade da clínica e sim porque eu que não estava pronto.
Existe uma quantidade enorme de sites divulgando ter 10 ou 20 unidades de tratamento espalhadas pelo Brasil. Na verdade são atravessadores, que estão revendendo tratamentos em clínicas que muitas vezes nem sequer visitaram. As famílias ligam e pensam estar falando com uma clínica e não estão.
Para finalizar, até quando vamos continuar permitindo que nossos filhos adolescentes se iludam com as propagandas de cerveja?
Os comerciais mostram um monte de jovens bonitos e bem cuidados se divertindo muito e com responsabilidade. Não é isto que acontece quando dezenas de jovens bebem em festas e bares. Na propaganda não tem ninguém vomitando, mexendo com a mulher do outro e não tem briga. Não aparece ninguém caído no chão e não aparece ninguém experimentando as drogas depois de alcoolizado. Na propaganda todos bebem na medida certa, param no momento devido e chegam em suas casas direitinho, sem dirigir alcoolizados. Não é assim que acontece na vida real! Para completar os “gênios” da propaganda mostram uma série de brincadeiras e falcatruas que uns podem fazer com os outros enquanto bebem, sem serem pegos. Que tipo de mensagem é esta que estamos passando para os nossos adolescentes que são facilmente influenciados por tudo que veem? Ah! A propaganda não foi feita para os adolescentes? É somente para maiores de 18 anos? Então por que ela passa nos intervalos dos programas que os adolescentes assistem?
Meu nome é Fabian Nacer. Fui dependente de cocaína e crack por quase 20 anos e morei nas ruas da Cracolândia por 6 anos. Estou pedindo ajuda para encontrar instituições de ensino que estejam mais preocupadas com a vida dos adolescentes do que com sua imagem. Procuro formar parcerias que queiram oferecer tratamento responsável e competente para famílias que não podem pagar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ironia do destino...



Esta semana, apresentei uma palestra para 80 adolescentes na Escola Waldorf  na Vila Olímpia.

No ano de 2003 me submeti a 25º e última internação. Daí em diante comecei um intenso tratamento, que durou cerca de 2 anos. 
Em 2005, meu filho me foi apresentado pela primeira vez. Ele já estava com 10 anos.
Começamos a nos ver semanalmente e para estar mais próximo dele sua mãe permitiu que eu o buscasse na escola uma vez por semana. 
Naquele tempo eu estava tentando conhecê-lo e ele a mim. 
Foi um momento em que eu estava começando a retornar para a vida. Estando apenas 2 anos sem as drogas, eu ainda não trabalhava e não tinha nenhuma formação acadêmica, pois tinha vivido 17 anos como dependente químico.
Sete anos depois concluí o Bacharel em Teologia. Tenho agora 4 formações técnicas na área, já atendi por volta de 400 famílias e estou concluindo a Pós Graduação em Dependência Química. 
Agora, sinto-me ainda mais orgulhoso por ter sido convidado a palestrar na mesma escola onde ia buscar meu filho.





Semana de Segurança no Trabalho !






segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alunas do Colégio Albert Sabin.


Estive esta tarde conversando com a Gabriela Pacheco, a Gabriela Marques e a Bruna.
Gosto quando tenho a oportunidade de conversar com os adolescentes sobre o álcool, as drogas e esta fase da vida que eles estão vivendo.
Tenho trabalhado em conscientizar as escolas que a prevenção deve estar presente ao longo do ano letivo e não somente se resumir a palestras esporádicas.
Valeu meninas. Um abraço.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Esta semana estive com o jornal A Folha de São Paulo no Complexo Prates.




Seis meses após início de ação da polícia, cracolândia persiste.




Infelizmente, é quase um vestibular ter o seu caso atendido pelo Complexo Prates.

Meu nome é Fabian Nacer. Morei na Cracolândia por 6 anos e hoje estou concluindo Pós Graduação em Psicopatologia e Dependência Química.

Esta manhã, visitei o Complexo Prates na esperança de encontrar ajuda. Antes, dei uma passada rápida na Rua dos Gusmões, onde contei mais de 100 pessoas fumando crack.

Quando fiquei sabendo da inauguração deste gigante, minha alma se encheu de esperança. Nos últimos 5 anos atendi quase 400 famílias, a grande maioria sem recursos para pagar um tratamento para seus filhos e sem saber para onde correr, tentando resolver o problema do inferno do crack por conta própria.

Precisamos de um complexo que atenda de imediato a mãe que sofre e que vá de encontro à realidade do problema em nossa Grande São Paulo!

Os jovens de famílias e de comunidades carentes estão fumando crack, dia e noite, até mesmo dentro de casa, tratando suas mães como lixo. Estas mães precisam trabalhar, cuidar dos outros filhos menores e não sabem o que vão encontrar quando voltarem para  casa no fim do dia.

Veja o que elas passam tentando enfrentar o problema:

1 - A mãe não pode chamar um resgate ou uma ambulância, porque o Samu, que mal tem viaturas para atender os acidentes de trânsito, nunca vai priorizar o atendimento a um dependente químico. E se for enviada uma ambulância, ao chegar, este jovem precisa estar em surto para que seja resgatado.

2 – Caso ela consiga convencer seu filho a aceitar tratamento, terá que procurar um
Pronto Socorro que tenha psiquiatra de plantão (a maioria não tem) e que esteja aberto. Mesmo que ela atravesse a cidade desesperada, com seu filho fissurado à “tira colo” e consiga chegar a um psiquiatra, não conseguirá que seu filho seja encaminhado diretamente  para uma internação, porque os órgãos não trabalham em conjunto e muito menos no meio da noite.

3 - Mesmo que esta mãe aproveite algum raro momento de lucidez do seu filho e consiga levá-lo a um CAPS, após preencher uma ficha, apresentar sua condição de sofrimento, passar pela triagem, relatar todo o problema e consultar um clínico, talvez ela comece a ter chance de conseguir uma vaga no Complexo Prates. Mas ela provavelmente vai voltar para casa com este filho até que seja liberada uma vaga. Pode ser, porém, que seu filho não sobreviva a mais uma noite de crack.

Para que então serve o Prates?
Neste momento, esta “Máquina Monumental” está sendo desperdiçada atendendo somente alguns usuários de crack, que ficam perambulando pela região e que, eventualmente, quando estão um pouco cansados de suas vidas de “nóias”, batem na porta discursando que querem mudar de vida. Muitos entram, muitos saem, mas poucos realmente concluem o tratamento e ficam limpos.

Como um lugar deste tipo pode ser referência se não atende quem precisa no momento que precisa?
Pensei que ao chegar ao Prates (principalmente nesta manhã de sol) veria dezenas de jovens praticando esporte, não vi.
Pensei que veria as oficinas de artes, marcenaria e padaria lotadas de jovens fazendo atividades, não vi.
No lugar destinado à jardinagem não tinha ninguém mexendo na terra.

Passei 2 horas observando as instalações do Prates. Havia no máximo 20 pacientes praticando algum tipo de atividade, e, a grande maioria, estava fora. Provavelmente, bebendo ou usando drogas.
Como o tratamento se baseia inteiramente na espontânea vontade em cada um de se tratar, eles não são impedidos de sair e podem voltar alcoolizados no fim do dia para dormir. 

Era nitidamente estampado no rosto das coordenadoras que me atenderam o sentimento de frustração diante das minhas perguntas. Elas, inclusive, me disseram que eu “estava sonhando muito alto” e a toda hora repetiam que nada do que eu queria era “demanda do Prates”.

Como eu gostaria de ter acesso aos números do Prates! Entretanto, pelas informações que colhi e fazendo as contas, mais de 1000 pessoas passaram pelo Complexo, mas, provavelmente, 900 delas nós não sabemos dizer onde estão!

O Complexo Prates é uma construção vistosa, que enche os olhos de quem passa pela porta. Pode até ser muito útil para ser mostrado a alguma entidade internacional que esteja rapidamente visitando o Brasil.
Naquela ação da Cracolândia,  em que até o governo ficou em dúvida se estava fazendo a coisa certa, a construção deste monumento serviu para mostrar à sociedade o quanto o governo está trabalhando.

Quero ver o Complexo Prates funcionando com:

 Pronto Socorro no local funcionando 24 horas para não depender dos hospitais;
 Pronto atendimento 24 horas no local para atender quem precisa na hora;
 Ambulâncias atendendo e resgatando as famílias a qualquer hora do dia e da noite.
Quero ver aquele espaço ocioso ocupado por centenas de jovens participando de atividades intensamente por todo o dia.
Quero ver um programa de tratamento para quem não quer se tratar.

Enquanto isso não acontece, quero saber o que digo às mães que continuam me ligando diariamente, chorando no outro lado da linha.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tema das Palestras.

Palestras para os pais.

Qualquer mãe se preocupa em manter seus filhos longe das drogas.
A verdade é que quase todos os adolescentes terão contato com o álcool e pelo menos com a maconha entre os 12 e os 18 anos. Tudo pode ser muito preocupante, ou não. Vai depender da forma como os jovens vão reagir diante desses desafios, e como irão se posicionar diante do grupo que convivem.
Os pais, claro, sofrem com muitas dúvidas. Alguns têm receio de não abordar o assunto da forma correta e acabam se tornando omissos. Outras mães, na ânsia de fazer tudo que podem, acabam invadindo a privacidade dos jovens, o que pode piorar a situação ao invés de ajudar.
O grande dilema é o que fazer quando surge a suspeita de que algo não esta bem. Os pais normalmente se envolvem emocionalmente com o problema, e não conseguem avaliar a situação de forma racional. É comum os pais misturarem as coisas e suspeitarem de filhos que não estão correndo nenhum risco com as drogas, enquanto outros pais não conseguem enxergar o uso de drogas que pode ser muito claro aos olhos de quem está de fora do âmbito familiar. Há também as famílias que desconfiam muito, mas não querem acreditar e se negam a enfrentar o problema. E para terminar, também tem as famílias cujos pais são usuários ou simpatizantes.

Me proponho a oferecer orientação que pode ajudar as famílias a:

1. Aprenderem a abordar o problema desde cedo.
2. Saberem como se posicionar na medida certa ao longo da adolescência dos seus filhos.
3. Receberem orientação especializada sobre como agirem no caso de suspeita.

Palestras para os jovens.

Os adolescentes são facilmente seduzidos pela propaganda enganosa do álcool e das drogas. O álcool está presente desde cedo nas primeiras baladas e muitos jovens irão se habituar a dançar e paquerar melhor quando bebem, enquanto outros se sentirão mais interessantes, engraçados e mais importantes diante do grupo quando ingerem bebida alcoólica. Em pouco tempo, beber pode se tornar uma forma de lazer.
Através de uma linguagem que eles entendem e se identificam, é possível fazê-los refletir um pouco melhor sobre esta relação precoce com o álcool. Existe uma propaganda massiva em torno da maconha. Quem já experimentou provavelmente gostou e faz questão de contar isso para os demais. Os jovens que já têm o hábito de fumar normalmente ainda administram bem o seu uso, o que faz com que mais jovens se sintam motivados a experimentar.
Não conseguimos impedir tudo aquilo que eles decidem fazer, mas mantê-los informados sobre suas escolhas fará com que repensem um série de coisas. Boa parte dos jovens pode passar a se sentir inadequada quando não bebe. Com o tempo, para muitos deles a maconha pode deixar de ser um simples e inocente baseado. O álcool e as drogas escondem uma face que só verá quem um dia se tornar dependente.
O problema é que nenhum especialista tem como saber quem se tornará dependente, muito menos os jovens.

Proponho convidar os jovens para uma reflexão sobre:

1. O distorcido conceito de diversão e lazer que impera nos grupos.
2. Os prós e contras do álcool e das drogas.
3. É possível fazer uso controlado? Beber sem correr riscos?
4. Por que álcool e drogas escondem armadilhas que só conhecemos quando nos envolvemos?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Jornal Nacional

Não deixem de ver a reportagem exibida em 24 de fevereiro, no Jornal Nacional, sobre internação involuntária. Eles me visitaram e pude dar a minha opinião.


Link

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O crack não é causa, é conseqüência.


Tenho visto uma campanha orientando as famílias para falarem com seus filhos sobre o crack. A campanha me dá a impressão de dizer: "Você, que cheira cocaína, cuidado, o crack é um caminho sem volta. Não experimente!”.

O crack é uma droga de fundo de poço, é praticamente o último estágio da dependência química. A campanha trata o problema como se estivéssemos perdendo nossos filhos para o crack. Isso não é verdade. O crack não é a causa de nada, é somente a conseqüência óbvia de uma série de coisas que vem erradas na vida desta pessoa há muito tempo. Quando o crack chega no seu filho, significa que você o perdeu bem lá atrás. Portanto, uma campanha que orienta a falar diretamente sobre o crack, está tratando o problema de trás para frente.

Existe um caminho a ser percorrido antes de se chegar no crack. Começa com as más companhias, as más influências, o cigarro, a maconha, a cocaína, o ecstasy etc. Todo o caminho que se percorre até se tornar um dependente de crack vai deixando mazelas, dor e muito sofrimento por todo lado ao longo dos anos.

Ninguém começa no crack. Ninguém cai no crack de bobeira. Nossos filhos só terão contato com o crack se já tiverem desenvolvido algum tipo de dependência química, se estiverem envolvidos com pessoas perigosas ou em coisas ilícitas. Ninguém experimenta crack em uma rodinha de amigos. Ninguém leva crack para uma festinha. Os jovens não experimentam crack por curiosidade.

Falar sobre o crack com nossos filhos é falar sobre o álcool que circula nas baladinhas da adolescência. É instruir sobre como proteger nossos filhos do primeiro baseado. Campanha para o crack é sabermos onde nossos filhos estão, com quem estão e a que horas vão chegar.

A grande maioria dos jovens que bebe ou fuma maconha não se tornará dependente químico. Muitos terão algum envolvimento passageiro e outros conseguirão fazer uso controlado a vida toda. Podem ter certeza de que eles sabem disso, e que vão pagar para ver. Sempre apostando que o pior não vai acontecer com eles.

Por isso, cabe a nós cuidarmos, buscarmos ajuda com quem entende do assunto, e não tentarmos resolver as primeiras suspeitas por conta própria, sem orientação especializada.
Normalmente, as famílias mal orientadas pioram o quadro de dependência dos seus filhos ao invés de ajudar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Veja porquê o consumo de crack cresceu 900%.


1 – A polícia conhece todos os pontos de venda de drogas na cidade de São Paulo há mais de 20 anos. São praticamente os mesmos.  Qualquer um que usou drogas sabe que não existe ponto de venda que consiga funcionar se a polícia decidir que ele não vai mais funcionar.  Deveria ter sido criado, da mesma forma que existe a ronda escolar, a “Ronda Anti-Drogas”. Esta faria dia e noite o roteiro dos pontos de venda que ficam em favelas, bares, e em ruas já conhecidas. Ficaria muito mais complicado para os gerentes dos pontos de venda trabalharem com a polícia aparecendo a cada 1 ou 2 horas.
2 – Veja como o número de apreensões cresceu nos últimos anos. Isto quer dizer que se a polícia conseguiu apreender muito mais drogas é porque também passou na fronteira muito mais droga que não foi apreendida. Até quando vamos esperar para ter um policiamento de fronteira digno que ao menos dificulte a entrada das drogas? Jamais conseguiríamos impedir, mas podemos dificultar. Veja a fronteira do México com os EUA: é bem menor do que a nossa, é praticamente uma planície de deserto, não está cheia de matas, rios, e morros como a nossa, é cercada por grades e muros de ponta a ponta, faz fronteira com apenas um país (enquanto aqui é um país para outros dez), e mesmo assim eles não conseguem resolver o problema. O que conseguem, porém, é dificultar muito a passagem, apreendem uma quantidade maior de drogas e fazem com que o transporte fique muito mais caro para os traficantes.
3 – Os EUA nunca vão conseguir impedir a entrada de cocaína em seu país. Isto porque tem muita gente lá dentro querendo comprar cocaína 24 horas por dia. O mesmo acontecerá conosco. Portanto, já deveria ter sido estabelecido como  lei, “Projetos de Prevenção” como parte da grade curricular para jovens de 12 a 18 anos. E chega de ficar dizendo pra jovem que droga faz mal, ou que uma leva à outra. Eles já estão cansados de ouvir isto e jovem costuma pagar para ver se é verdade. Precisamos abrir um espaço para uma conversa franca, aberta, onde todos os jovens tenham direito de defender suas opiniões, onde eles falem mais e os palestrantes menos. Devemos aprender a perceber o movimento dos grupinhos, identificar os mais vulneráveis e aplicar um “Programa específico para cada caso”, envolvendo aluno, família e escola. Cada escola pública e particular deveria ser obrigada a ter  um “Departamento de Prevenção” para cuidar de todas as questões relacionadas a drogas, sexo e comportamentos de risco. Tudo começa no cigarrinho escondido e no álcool das festinhas da adolescência.
4 – Uma vez que o governo não oferece tratamento especializado para dependentes, nos últimos 20 anos proliferou em todo o país  um comércio de planos de recuperação que não funciona. Pelo menos 40% das clínicas são sítios de ex-dependentes de drogas que pararam de usar e agora apoiados por seus familiares decidiram ajudar os outros. O problema é que eles colocam um monte de camas neste lugar, um site na internet com fotos bonitas da piscina e chamam isto de clínica. As famílias ficam seduzidas pelas propostas milagrosas e pelos pacotes de serviços que na maioria das vezes não existem. Outros 40% são comunidades terapêuticas lideradas por religiosos que acreditam que têm uma missão e pensam  que tudo que o dependente precisa é de Deus e não dão a importância devida para o trabalho do psicólogo, psiquiatra, da medicação e supervisão de especialistas em dependência química. O resultado é que os jovens vão sendo internados inúmeras vezes, quando saem retornam às drogas e a culpa disto é sempre dele, da família que fez alguma coisa errada e nunca da clínica que o tratou. Cada vez que uma internação não resolve o caso, sua dependência química evolui e as chances dele experimentar o crack aumentam.
5 - Desde que a Organização Mundial de Saúde classificou a dependência química como uma questão de saúde pública, o consumo de drogas tornou-se muito mais tolerável, ou seja, quem não for classificado em uma abordagem ou apreensão como traficante é considerado usuário. Desta forma, por se tratar de  um doente, ele é liberado. As escolas particulares quando detectam o uso de drogas dentro de suas dependências procuram resolver logo a questão de modo que o problema não se alastre, não assuste outros pais e não comprometa a imagem da instituição. Faculdades e Instituições de ensino fazem vista grossa para o uso intenso de drogas e álcool do outro lado da rua como se não fosse seu problema. Quando condomínios privados detectam o consumo dentro de suas dependências costumam resolver o problema entre eles mesmos. Minha sugestão é que seja criada uma “Delegacia Especial de Prevenção” que atenderia todos esses casos ajudando a solucioná-los. Esta delegacia faria o trabalho de registrar a ocorrência e tratar o caso em conjunto com a família, Secretaria de Saúde e Secretaria de Assistência Social. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Matéria Revista Veja



Matéria veiculada na Revista Veja em 21.01.2012



" Morei seis anos na rua. "
Conheci o crack aos 27 anos nos Estados Unidos, para onde viajei para fazer um curso de aviação. Quando voltei ao Brasil, só pensava nisso. Morei seis anos na rua. No final, pesava 40 kilos e pedia dinheiro nos semáforos. Foi num deles que conheci meu filho. Ele tinha 3 anos e estava no carro da minha ex-namorada. Estava tão 'noiado' que não tive reação nenhuma. Mas foi ele e a minha família que me deram força para ficar limpo. Ao todo, enfrentei 25 internações - cinco involuntárias. Quando finalmente consegui parar, em 2003, passei dois anos tomando remédios para controlar a ansiedade, recuperar a memória e a capacidade de raciocínio. Ia ao psicólogo três vezes por semana e ao psiquiatra mensalmente. Hoje, voltei a trabalhar e já consigo pensar no futuro. O crack destrói a capacidade de planejar,"

Fabian Penyy Nacer, 44 anos, administrador (SP). Passou por 25 internações.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Angela, obrigado pelo seu depoimento!

Olá Fabian,
Talvez vc nem saiba quem sou eu, mas queria dizer que fiquei muito feliz em saber que vc superou seu problemas com as drogas, deu a volta por cima e recuperou sua vida. Você foi o 1° caso de "antes e depois" das drogas que eu vi de perto; morava no seu bairro, tinha amizade com a Paloma e até hoje tenho com o Pablo e nunca vou me esquecer do dia em que fui atender a campainha de casa e você estava quase irreconhecível na porta, todo sujo, enrolado num cobertor como um mendigo...aquilo me chocou tanto...como aquele cara tão lindo que todas as meninas paqueravam, que era descolado, tinha um bar super legal (o Rock`n`roll), estudava e era de boa família tinha chegado àquele ponto?? Eu tive que falar com a Paloma porque eu não acreditava no que eu tinha visto...claro que infelizmente com o passar dos anos acompanhei outros casos, e é fato de que a maioria não conseguiu sair dessa vida, alguns até já se foram...mas queria te dar os parabéns e dizer que admiro o trabalho que você vem fazendo, tenho certeza que esse trabalho vai ajudar muitas famílias e pessoas que assim como você já se sentiram sozinhas e perdidas. Pode contar com minha divulgação! Belíssima iniciativa!
Abraço
Angela

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Meu pai contou minha estória na Rádio Estadão

Clique neste link e ouça a entrevista.

Adolescência e Drogas

Como posso fazer para evitar que meu filho experimente as drogas? PARTE 1

Para começar nossa conversa, sugiro que você esqueça as “drogas”. Mantenha seu foco no cigarro, no álcool das festinhas e na vida social agitada que eles têm. A faixa mais perigosa é entre os 12 e os 18 anos.

1. O cigarro é um assunto constante nos grupinhos. Mesmo sem terem experimentado, eles  vão estimular a curiosidade uns nos outros. Aqueles que já experimentaram vão fazer de tudo para que outros fumem, e aqueles que ainda não fumaram terão que ser fortes para resistirem a toda esta pressão e propaganda entre os amigos.

O problema não é o cigarro em si. É todo o pacote que vem junto com ele.

Provavelmente, estes jovens terão que fumar escondidos dos pais, professores etc. E neste contexto, entra todo o cuidado para não terem problemas quando fumarem. Existe a adrenalina de fumar escondido, as vantagens que contam para o grupo quando se esquivam das perguntas dos mais velhos, a aventura de conseguir mais um maço, e é aí que muitos se destacam no grupo por se arriscarem mais e não serem pegos. Alguns jovens vão pegar gosto pelo “pacote de aventuras do cigarro”, pois a nicotina, de fato, não tem muita graça.

2. A mesma propaganda do cigarro vai se repetir no álcool. Conforme a adolescência avança  estará cada vez mais perto o dia em que seu filho irá a uma festinha inocente de amigos que você conhece, que conhece os pais , que você vai levar e buscar e que vai ter álcool. Alguns jovens irão “ contrabandear “ este álcool para dentro da festinha até mesmo quando a festa é no salão de um deles e os pais estão próximos. Tem todo um “esquema” que eles montam. Alguns vão conseguir comprar a bebida ou vão pegar nas suas casas sem serem  descobertos. Outros ficarão encarregados de manipular esta bebida durante a festinha com discrição. Na verdade, não é que eles vão colocar a garrafa sobre a mesa no meio da festa e todos vão beber. Este álcool será consumido no início por alguns e, aos poucos, outros vão descobrindo. Os considerados mais “caretas  do grupo, percebem o que está acontecendo,  não se metem no assunto e na maioria das vezes não contam estes detalhes para os pais. Eles precisam administrar o que vão contar para os pais para não assustá-los. Não existe como os jovens mais responsáveis não conviverem com os mais imprudentes. Eles são o grupo. Só resta aos jovens passarem por este mar de experiências arriscadas com o menor dano possível. A tempestade da adolescência deve passar.

3. Tem jovens que fazem tudo muito bem, são dinâmicos, comunicativos, engraçados, inteligentes, são bons no esporte, são namoradores. Os pais ficam admirados como eles fazem tanta coisa ao mesmo tempo. Mas tudo bem, é coisa da idade! Às vezes, ele tem duas namoradas e como administra bem! Ah, normal, hoje em dia todo jovem é assim! Os pais quase sempre ficam sabendo das aventuras “ficantes” de seus filhos e acham normal. Por aí vai. E assim os pais realmente não tem evidências de que devem se preocupar mais com os comportamentos dos  filhos. Eles só são muito agitados, não param, estão sempre para cima e para baixo. Mas o que importa é que eles não mentem, não enganam, não fazem nada de errado. Mesmo quando os jovens têm tudo, amor dos pais, um clima bom em casa, nunca falta nada, os pais acreditam que estão presentes e que a situação está sob controle, ainda pode haver espaço para as drogas.

O problema é que às vezes a vida dos nossos filhos adolescentes é tão perfeita, tão completa e tão dinâmica que, infelizmente, alguns deles decidem experimentar as drogas  para ver se ela fica ainda mais emocionante.

Na parte 2 eu conto se podemos evitar e como fazer isso.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Matéria em jornal chinês sobre Tratamento de Acupuntura

 Matéria em jornal chinês referindo-se a uma de minhas internações, em 2000, em uma Clínica de Acupuntura.

Entrevista Rádio Estadão - ESPN






REPORTAGEM ESPECIAL

Conheça a história de um ex-usuário de droga que viveu na Cracolândia
Fabian Nacer fumava crack 24 horas por dia, mas depois de quase duas décadas de dependência, ele conseguiu se libertar. Confira reportagem de Camila Tuchlinski.


Clique nos links para ouvir:
Reportagem - Parte I
Reportagem - Parte II
Reportagem - Parte III
    

Carta publicada no ESTADÃO - Opinião

Juca Kfouri Comentarista CBN


Entrevista na página do jornalista Juca Kfouri, na CBN, que foi ao ar na quarta-feira, 11 de janeiro de 2012.
Ex-viciado explica propostas para tratamento de dependentes de crack espalhados pela cidade
Entrevista com Fabian Penyy Nacer, consultor em dependência química.

Clique
aqui para ouvir.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cobertura PORTAL G1 da Rede Globo

Matéria de 10 de janeiro de 2012.


  • G1  Globo São Paulo

  • Ex-dependente de crack faz pós em dependência química e dá palestrasFabian Nacer morou na região da Cracolândia durante seis anos. Ex-usuário chegou a ficar um ano sem tomar banho e perdeu dentes.


    Clique aqui para ler.

    Entrevista Rádio CBN - São Paulo


    " Não existe dor maior que a dependência do crack " , diz ex-usuário.
    Só quem já passou na pele a experiência de viver na cracolândia pode definir o que é isso. Ouvimos hoje no CBN São Paulo um relato de Fabian Penyy Nacer, ex-dependente químico e que hoje é consultor nesta área para clínicas e escolas.
    Fabian viveu pelas cracolândias de São Paulo por seis anos. Pedia dinheiro na rua, onde arrecadava mais de 3 mil reais por mês e usava tudo para comprar a droga. Venceu a dependência depois de 25 internações. Para ele, só é possível salvar um dependente com acolhimento e não com balas de borracha e cavalaria.

    Entrevista - Parte I
    Entrevista - Parte II

    Matéria do Terra


    Matéria exibida no site do Terra em 14 de janeiro de 2012.
    Por discordar de um termo usado pelo jornalista, escrevi a seguinte mensagem para ele após ler o texto publicado:

    Caro repórter Hermano Freitas eu gostei da sua matéria. Só quero reforçar que eu nunca uso a palavra “ força “, para que as pessoas não confundam internação involuntária que é contra a vontade do usuário com o uso da força, que eu sou completamente contra.


    'Tem que internar à força', diz ex-viciado da Cracolândia
    Clique aqui para ler.

    sábado, 14 de janeiro de 2012

    Eu morei na Cracolândia – Parte 2

    Enquanto existir quem queira usar droga sempre vai existir quem queira vender, e havendo vendedor e comprador o negócio sempre vai continuar.

    Alguns detalhes que precisamos prestar atenção a respeito da Cracolândia:

    1. A Cracolândia é três vezes maior do que aquilo que vemos nas ruas. Os outros 2/3 estão “enfiados” dentro de cortiços, de hotéis pulguentos e em outros buracos que a polícia ainda não conhece. Isso quer dizer que se tirarmos todos das ruas, nós só eliminamos a parte mais visível do problema (e também a menor).

    2. Já viu aquela cena que mostra de cima um monte de usuários de crack e aparece um outro sujeito com a mão cheia de pedra distribuindo a droga quando é cercado pelos demais? Isso não quer dizer que ele é traficante! Aliás, traficante mesmo nem anda por ali. Muitas vezes alguém do grupo é escolhido para buscar a droga para os demais, outras vezes um cara vai, pega cinco pedras e vende três para pagar seu uso. Traficante mesmo é trabalho de inteligência que começa na fronteira. O universo da Cracolândia não é somente composto de usuário e traficante.

    3. Tem sido divulgado uma quantidade enorme de abordagens. Se for somente para montar um relatório no fim do dia com o intuito de divulgar números não tem muita utilidade. Estas abordagens deveriam cadastrar cada usuário em um banco de dados único, com foto, classificando cada um de acordo com seu grau de periculosidade, grau de dependência química, atividades, família, origem, histórico para que possamos saber como agir, caso a caso, cada vez que o reencontrássemos nas ruas.

    4. Tenho visto na mídia algumas entrevistas de usuários que dizem desejaram parar. Sim, dependendo do momento que ele for abordado, ele vai dizer que quer parar, só que eles querem parar tomando uma pílula mágica que os faça não ter mais vontade da droga. Isso não existe. Eles não querem fazer a caminhada de volta que os levou para o fundo do poço, portanto nenhum usuário consegue sequer responder se quer ou não parar.

    5. Assistente social normalmente não é especialista em dependência química e colocá-los para tentar convencer um dependente a aceitar tratamento é exigir destes profissionais um poder de argumento fora do comum. Além disso, normalmente as abordagens ocorrem nas ruas, que não é o lugar mais adequado, e na frente de outros usuários, que também não é a situação mais adequada. Para completar, a abordagem é feita na hora que o assistente decide e não na hora que o usuário está mais suscetível.

    6. Esses dias, vi uma reportagem que diz que mais de 700 abordagens foram feitas e que 10% aceitaram tratamento. Ok, são 70 pessoas. Considerando que a OMS confirma que o índice de recuperação de quem se submete a um tratamento é de até 30%, estamos falando de 20 pessoas ou menos. É muito pouco para o tamanho e esforço da ação.

    7. O índice de recuperação de no máximo 30% é obtido em instituições privadas renomadas e caras, com equipes multidisciplinar de profissionais experientes. Se o governo não tem hospital para tratar dependente químico e terceiriza a internação, que resultados vamos obter se o governo paga 1/3 do valor mínimo necessário para tratar um dependente químico em instituições conveniadas?

    8. Sim, existe uma parte dos usuários que pode ser sensibilizada para o tratamento. Mas esta sensibilização não vai ocorrer espantando-os pela polícia. Poderíamos montar o “Casarão da Vida”, que funcionaria 24 horas por dia, oferecendo cama limpa, banho, comida gostosa, carinho, amor e compreensão. Eles podem até voltar para a rua no dia seguinte, mas vão se lembrar do respeito que receberam. Muitas vezes, nós conquistamos pessoas difíceis por insistirmos em fazer o bem para  elas, e não fazendo aquilo que elas tentam provocar em nós.

    9. É verdade que a maioria não vai se sensibilizar com nada, mas uma coisa é certa: usar drogas na frente de crianças e idosos, abordar e intimidar os moradores não é uma opção, e se não é opção, como é que podemos continuar perguntando quem quer se tratar? 

    10. Não existe como reprimir o consumo e o tráfico desarticulando o aglomerado de pessoas criando dificuldades para os usuários conseguirem a droga. São Paulo tem mais de 300 pontos de venda de drogas! Só na Avenida Jornalista Roberto Marinho, entre a Marginal do Rio Pinheiros e a Av.Washington Luiz, são aproximadamente 30. Ouvi um jornalista na rádio dizer que o usuário de crack não vai ter como escapar, pois ele precisa da Cracolândia e do aglomerado de pessoas, pois o crack não é uma droga social. Pois ele está enganado. Existe uma infinidade de modalidades diferentes de uso do crack. A paranóia faz com que alguns usuários precisem estar no meio de outros e ao ar livre para não se sentirem tão sufocados, pois eles não conseguem usar sozinhos e em lugares fechados. Mas pelo menos 70% dos usuários sente uma paranóia contrária. Justamente precisam usar sozinhos, pois em grupo ficam ainda mais paranóicos. E precisam usar em lugares fechados porque assim se sentem mais seguros. Por isso, como mencionei acima, 2/3 da Cracolândia nós não vemos.


    Entrevista para a BandNews FM

    
    
    Brasil
    13/01/2012 11:10
    O drama de quem entra no mundo do crack
    O crack empurra o usuário para um mundo paralelo e tira dele qualquer tipo de discernimento ou possibilidade de autonomia para tomar decisões.

    Essa declaração é de um ex-viciado ouvido pela BandNews FM, Fabian Nacer, de 44 anos. 
    Morador das Cracolândias de São Paulo durante seis anos, há 8 ele está longe das drogas:

    Clique aqui para ouvir a entrevista.

    Clique aqui para ler a matéria relacionada.

    Entrevistas Rede Globo SPTV e TVT

    Todas estas oportunidades na mídia têm acontecido devido a uma série de cartas que tenho enviado aos meios de comunicação, avaliando, opinando e propondo soluções para o tratamento dos dependentes de álcool e drogas.

    Esta reportagem foi do SPTV. 

    Também participei do programa Seu Jornal, da TVT, onde além da entrevista, também gravei um conselho para as mães dos usuários de drogas (dois próximos vídeos, respectivamente).



    Eu morei na Cracolândia - Parte I


    Hoje estou fazendo pós-graduação em dependência química. Fui dependente de drogas por 17 anos dos quais passei 6 anos na rua, onde dormia, comia, trocava de roupa e fumava crack 24 horas por dia.

    Até quando a polícia, o governo e as secretarias vão continuar decidindo o que fazer em relação ao problema das drogas em São Paulo sem ouvir os especialistas no assunto?

    Na última quarta-feira, 5 de janeiro, vi uma entrevista de um coordenador a respeito desta ação da polícia de espantar e espalhar os dependentes químicos da Cracolândia. Ele disse que a primeira etapa é uma ação de polícia e a segunda é uma ação social. Sim, só que não sobrará ninguém para fazer ação social, pelo menos não no centro da cidade.

    Também vi uma entrevista de um secretário que coordena esta ação e ele disse que primeiro devemos dificultar o uso das drogas para os dependentes, para que estes fiquem mais sensíveis e aceitem o tratamento. Esta é uma fala de quem realmente não entende como funciona a mente de um usuário de crack ou de alguém que não pode dizer ou fazer mais do que isto por outros motivos.

    Um “craqueiro“ vive para fumar e fuma para viver, esta é sua filosofia. O que precisar ser feito, ele fará. Com o tempo cada usuário vai aceitando fazer ou participar de coisas cada vez mais graves e comprometedoras, uma vez que sua doença é progressiva e o consumo tem que ser cada vez mais intenso. Costumo dizer que o avanço da doença é como se o dependente assinasse pactos com o diabo e vai outorgando a ele procurações entregando sua vida. Esta doença é demoníaca e dentro de cada usuário se instala um demônio especializado em algum tipo de falcatrua, golpe ou crime para conseguir mais droga.

    Como é que um “craqueiro” vai se sensibilizar com qualquer tipo de coisa se ele não experimenta mais nenhum tipo de sentimento, vivendo pela inércia como um zumbi pelas ruas?

    Até quando vamos continuar convidando educadamente cada usuário a aceitar tratamento?

    O que vai acontecer com esta ação na Cracolândia é que os usuários vão ficar por um tempo rodeando a área até perceberem que a ação terminou ou que ela não vai terminar e vão se instalar em outros lugares.

    O morador de rua e usuário de crack procura três coisas para se instalar em uma determinada região para viver e usar o crack:

    1. Ele precisa estar próximo de onde vai conseguir comprar a droga;
    2. Ele precisa estar em uma região onde circulem pessoas para que ele possa “acharcar” (pedir e enganar pessoas com estórias fabulosas) ou roubar.
    3. Ele procura estar em pontos ou situações que evitem que seja pego.

    Por isso, a Cracolândia se formou, porque o aglomerado de pessoas dificulta a ação da polícia e também porque muitos usuários de outras cidades que já precisam usar 24 horas por dia (e nas suas cidades ou bairros não conseguem) vão para a Cracolândia pela fama que ela tem de abrigar os “craqueiros“ e de prover recursos, possibilidades e lugares (buracos) para o uso.

    Sinceramente, se cada usuário perceber que a Cracolândia não vai mais se reestruturar eles vão se espalhar. São Paulo tem mais de 30 pequenas Cracolândias nas quais eles vão se instalar.

    A primeira etapa de uma ação na Cracolândia deveria ser recolher o usuário para uma internação involuntária de 30 dias para que ele possa ao menos voltar a pensar, a se comunicar e a conseguir conversar.

    A segunda etapa deveria ser dar a ele uma opção de tratamento em um lugar mais calmo, mais agradável e mais distante de São Paulo.

    Conforme vai se estruturando, ele vai conquistando regimes de tratamento cada vez mais abertos e uma maior relação de confiança.

    Se ele voltar para a rua e para o uso das drogas, repetimos tudo de novo até o vencermos pelo cansaço.