1 – A polícia conhece todos os pontos de venda de drogas na cidade de São Paulo há mais de 20 anos. São praticamente os mesmos. Qualquer um que usou drogas sabe que não existe ponto de venda que consiga funcionar se a polícia decidir que ele não vai mais funcionar. Deveria ter sido criado, da mesma forma que existe a ronda escolar, a “Ronda Anti-Drogas”. Esta faria dia e noite o roteiro dos pontos de venda que ficam em favelas, bares, e em ruas já conhecidas. Ficaria muito mais complicado para os gerentes dos pontos de venda trabalharem com a polícia aparecendo a cada 1 ou 2 horas.
2 – Veja como o número de apreensões cresceu nos últimos anos. Isto quer dizer que se a polícia conseguiu apreender muito mais drogas é porque também passou na fronteira muito mais droga que não foi apreendida. Até quando vamos esperar para ter um policiamento de fronteira digno que ao menos dificulte a entrada das drogas? Jamais conseguiríamos impedir, mas podemos dificultar. Veja a fronteira do México com os EUA: é bem menor do que a nossa, é praticamente uma planície de deserto, não está cheia de matas, rios, e morros como a nossa, é cercada por grades e muros de ponta a ponta, faz fronteira com apenas um país (enquanto aqui é um país para outros dez), e mesmo assim eles não conseguem resolver o problema. O que conseguem, porém, é dificultar muito a passagem, apreendem uma quantidade maior de drogas e fazem com que o transporte fique muito mais caro para os traficantes.
3 – Os EUA nunca vão conseguir impedir a entrada de cocaína em seu país. Isto porque tem muita gente lá dentro querendo comprar cocaína 24 horas por dia. O mesmo acontecerá conosco. Portanto, já deveria ter sido estabelecido como lei, “Projetos de Prevenção” como parte da grade curricular para jovens de 12 a 18 anos. E chega de ficar dizendo pra jovem que droga faz mal, ou que uma leva à outra. Eles já estão cansados de ouvir isto e jovem costuma pagar para ver se é verdade. Precisamos abrir um espaço para uma conversa franca, aberta, onde todos os jovens tenham direito de defender suas opiniões, onde eles falem mais e os palestrantes menos. Devemos aprender a perceber o movimento dos grupinhos, identificar os mais vulneráveis e aplicar um “Programa específico para cada caso”, envolvendo aluno, família e escola. Cada escola pública e particular deveria ser obrigada a ter um “Departamento de Prevenção” para cuidar de todas as questões relacionadas a drogas, sexo e comportamentos de risco. Tudo começa no cigarrinho escondido e no álcool das festinhas da adolescência.
4 – Uma vez que o governo não oferece tratamento especializado para dependentes, nos últimos 20 anos proliferou em todo o país um comércio de planos de recuperação que não funciona. Pelo menos 40% das clínicas são sítios de ex-dependentes de drogas que pararam de usar e agora apoiados por seus familiares decidiram ajudar os outros. O problema é que eles colocam um monte de camas neste lugar, um site na internet com fotos bonitas da piscina e chamam isto de clínica. As famílias ficam seduzidas pelas propostas milagrosas e pelos pacotes de serviços que na maioria das vezes não existem. Outros 40% são comunidades terapêuticas lideradas por religiosos que acreditam que têm uma missão e pensam que tudo que o dependente precisa é de Deus e não dão a importância devida para o trabalho do psicólogo, psiquiatra, da medicação e supervisão de especialistas em dependência química. O resultado é que os jovens vão sendo internados inúmeras vezes, quando saem retornam às drogas e a culpa disto é sempre dele, da família que fez alguma coisa errada e nunca da clínica que o tratou. Cada vez que uma internação não resolve o caso, sua dependência química evolui e as chances dele experimentar o crack aumentam.
5 - Desde que a Organização Mundial de Saúde classificou a dependência química como uma questão de saúde pública, o consumo de drogas tornou-se muito mais tolerável, ou seja, quem não for classificado em uma abordagem ou apreensão como traficante é considerado usuário. Desta forma, por se tratar de um doente, ele é liberado. As escolas particulares quando detectam o uso de drogas dentro de suas dependências procuram resolver logo a questão de modo que o problema não se alastre, não assuste outros pais e não comprometa a imagem da instituição. Faculdades e Instituições de ensino fazem vista grossa para o uso intenso de drogas e álcool do outro lado da rua como se não fosse seu problema. Quando condomínios privados detectam o consumo dentro de suas dependências costumam resolver o problema entre eles mesmos. Minha sugestão é que seja criada uma “Delegacia Especial de Prevenção” que atenderia todos esses casos ajudando a solucioná-los. Esta delegacia faria o trabalho de registrar a ocorrência e tratar o caso em conjunto com a família, Secretaria de Saúde e Secretaria de Assistência Social.
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