Tenho visto uma campanha orientando as famílias para falarem com seus filhos sobre o crack. A campanha me dá a impressão de dizer: "Você, que cheira cocaína, cuidado, o crack é um caminho sem volta. Não experimente!”.
O crack é uma droga de fundo de poço, é praticamente o último estágio da dependência química. A campanha trata o problema como se estivéssemos perdendo nossos filhos para o crack. Isso não é verdade. O crack não é a causa de nada, é somente a conseqüência óbvia de uma série de coisas que vem erradas na vida desta pessoa há muito tempo. Quando o crack chega no seu filho, significa que você o perdeu bem lá atrás. Portanto, uma campanha que orienta a falar diretamente sobre o crack, está tratando o problema de trás para frente.
Existe um caminho a ser percorrido antes de se chegar no crack. Começa com as más companhias, as más influências, o cigarro, a maconha, a cocaína, o ecstasy etc. Todo o caminho que se percorre até se tornar um dependente de crack vai deixando mazelas, dor e muito sofrimento por todo lado ao longo dos anos.
Ninguém começa no crack. Ninguém cai no crack de bobeira. Nossos filhos só terão contato com o crack se já tiverem desenvolvido algum tipo de dependência química, se estiverem envolvidos com pessoas perigosas ou em coisas ilícitas. Ninguém experimenta crack em uma rodinha de amigos. Ninguém leva crack para uma festinha. Os jovens não experimentam crack por curiosidade.
Falar sobre o crack com nossos filhos é falar sobre o álcool que circula nas baladinhas da adolescência. É instruir sobre como proteger nossos filhos do primeiro baseado. Campanha para o crack é sabermos onde nossos filhos estão, com quem estão e a que horas vão chegar.
A grande maioria dos jovens que bebe ou fuma maconha não se tornará dependente químico. Muitos terão algum envolvimento passageiro e outros conseguirão fazer uso controlado a vida toda. Podem ter certeza de que eles sabem disso, e que vão pagar para ver. Sempre apostando que o pior não vai acontecer com eles.
Por isso, cabe a nós cuidarmos, buscarmos ajuda com quem entende do assunto, e não tentarmos resolver as primeiras suspeitas por conta própria, sem orientação especializada.
Normalmente, as famílias mal orientadas pioram o quadro de dependência dos seus filhos ao invés de ajudar.
Interessante, ainda não havia pensado por esse lado... acho que você tem razão. Boa sorte em seu belo trabalho de resgatar vidas.
ResponderExcluirVocê está certo, faltou apenas mencionar a massiva propaganda de bebida alcoólica (inclusive a "inocente" "cevejinha"). O governo dá o ponta pé inicial no processo de vício dos jovens ao ceder concessões de rádio e TV a oportunistas e politicos que por sua vez tem na propaganda de bebida e no jogo grande fonte de renda.
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