segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alunas do Colégio Albert Sabin.


Estive esta tarde conversando com a Gabriela Pacheco, a Gabriela Marques e a Bruna.
Gosto quando tenho a oportunidade de conversar com os adolescentes sobre o álcool, as drogas e esta fase da vida que eles estão vivendo.
Tenho trabalhado em conscientizar as escolas que a prevenção deve estar presente ao longo do ano letivo e não somente se resumir a palestras esporádicas.
Valeu meninas. Um abraço.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Esta semana estive com o jornal A Folha de São Paulo no Complexo Prates.




Seis meses após início de ação da polícia, cracolândia persiste.




Infelizmente, é quase um vestibular ter o seu caso atendido pelo Complexo Prates.

Meu nome é Fabian Nacer. Morei na Cracolândia por 6 anos e hoje estou concluindo Pós Graduação em Psicopatologia e Dependência Química.

Esta manhã, visitei o Complexo Prates na esperança de encontrar ajuda. Antes, dei uma passada rápida na Rua dos Gusmões, onde contei mais de 100 pessoas fumando crack.

Quando fiquei sabendo da inauguração deste gigante, minha alma se encheu de esperança. Nos últimos 5 anos atendi quase 400 famílias, a grande maioria sem recursos para pagar um tratamento para seus filhos e sem saber para onde correr, tentando resolver o problema do inferno do crack por conta própria.

Precisamos de um complexo que atenda de imediato a mãe que sofre e que vá de encontro à realidade do problema em nossa Grande São Paulo!

Os jovens de famílias e de comunidades carentes estão fumando crack, dia e noite, até mesmo dentro de casa, tratando suas mães como lixo. Estas mães precisam trabalhar, cuidar dos outros filhos menores e não sabem o que vão encontrar quando voltarem para  casa no fim do dia.

Veja o que elas passam tentando enfrentar o problema:

1 - A mãe não pode chamar um resgate ou uma ambulância, porque o Samu, que mal tem viaturas para atender os acidentes de trânsito, nunca vai priorizar o atendimento a um dependente químico. E se for enviada uma ambulância, ao chegar, este jovem precisa estar em surto para que seja resgatado.

2 – Caso ela consiga convencer seu filho a aceitar tratamento, terá que procurar um
Pronto Socorro que tenha psiquiatra de plantão (a maioria não tem) e que esteja aberto. Mesmo que ela atravesse a cidade desesperada, com seu filho fissurado à “tira colo” e consiga chegar a um psiquiatra, não conseguirá que seu filho seja encaminhado diretamente  para uma internação, porque os órgãos não trabalham em conjunto e muito menos no meio da noite.

3 - Mesmo que esta mãe aproveite algum raro momento de lucidez do seu filho e consiga levá-lo a um CAPS, após preencher uma ficha, apresentar sua condição de sofrimento, passar pela triagem, relatar todo o problema e consultar um clínico, talvez ela comece a ter chance de conseguir uma vaga no Complexo Prates. Mas ela provavelmente vai voltar para casa com este filho até que seja liberada uma vaga. Pode ser, porém, que seu filho não sobreviva a mais uma noite de crack.

Para que então serve o Prates?
Neste momento, esta “Máquina Monumental” está sendo desperdiçada atendendo somente alguns usuários de crack, que ficam perambulando pela região e que, eventualmente, quando estão um pouco cansados de suas vidas de “nóias”, batem na porta discursando que querem mudar de vida. Muitos entram, muitos saem, mas poucos realmente concluem o tratamento e ficam limpos.

Como um lugar deste tipo pode ser referência se não atende quem precisa no momento que precisa?
Pensei que ao chegar ao Prates (principalmente nesta manhã de sol) veria dezenas de jovens praticando esporte, não vi.
Pensei que veria as oficinas de artes, marcenaria e padaria lotadas de jovens fazendo atividades, não vi.
No lugar destinado à jardinagem não tinha ninguém mexendo na terra.

Passei 2 horas observando as instalações do Prates. Havia no máximo 20 pacientes praticando algum tipo de atividade, e, a grande maioria, estava fora. Provavelmente, bebendo ou usando drogas.
Como o tratamento se baseia inteiramente na espontânea vontade em cada um de se tratar, eles não são impedidos de sair e podem voltar alcoolizados no fim do dia para dormir. 

Era nitidamente estampado no rosto das coordenadoras que me atenderam o sentimento de frustração diante das minhas perguntas. Elas, inclusive, me disseram que eu “estava sonhando muito alto” e a toda hora repetiam que nada do que eu queria era “demanda do Prates”.

Como eu gostaria de ter acesso aos números do Prates! Entretanto, pelas informações que colhi e fazendo as contas, mais de 1000 pessoas passaram pelo Complexo, mas, provavelmente, 900 delas nós não sabemos dizer onde estão!

O Complexo Prates é uma construção vistosa, que enche os olhos de quem passa pela porta. Pode até ser muito útil para ser mostrado a alguma entidade internacional que esteja rapidamente visitando o Brasil.
Naquela ação da Cracolândia,  em que até o governo ficou em dúvida se estava fazendo a coisa certa, a construção deste monumento serviu para mostrar à sociedade o quanto o governo está trabalhando.

Quero ver o Complexo Prates funcionando com:

 Pronto Socorro no local funcionando 24 horas para não depender dos hospitais;
 Pronto atendimento 24 horas no local para atender quem precisa na hora;
 Ambulâncias atendendo e resgatando as famílias a qualquer hora do dia e da noite.
Quero ver aquele espaço ocioso ocupado por centenas de jovens participando de atividades intensamente por todo o dia.
Quero ver um programa de tratamento para quem não quer se tratar.

Enquanto isso não acontece, quero saber o que digo às mães que continuam me ligando diariamente, chorando no outro lado da linha.